Muito se tem falado sobre relacionamento abusivo e as atitudes que configuram tal ato. Apesar disso, você e tantas pessoas ainda tem dúvidas sobre o tema, não sabem exatamente o que significa e como identificar essas características dentro das suas relações.
Além do abuso em relações amorosas, há também relacionamento abusivo familiar, corporativo, ou seja, no seu ambiente de trabalho e você precisa descobrir quais são as formas de identificar e se desvencilhar desse problema sem muitos abalos emocionais.
Por isso, vamos falar aqui hoje sobre o que é relacionamento abusivo, dar dicas e conversar com a psicóloga e especialista do Zenklub, Milena Lhano.
O que é relacionamento abusivo?
Uma relação abusiva, em linhas gerais, é aquela em que predomina o poder excessivo de um sobre o outro, a partir de ações, atitudes e ordens verbais que humilham, constrangem e limitam.
Para a especialista Milena Lhano, “Muitas pessoas estão vivendo um relacionamento abusivo e não sabem por causa da ideia que uma relação só é abusiva quando existe violência física ou verbal. Mas não, um relacionamento familiar, amoroso, com amigos e no ambiente de trabalho em que haja intimidação, abuso de poder, manipulação, perda da liberdade, punição, jogo de poder, violência psicológica ou humilhação pode ser considerado abusivo.”.
É comum associarmos o relacionamento abusivo amoroso dos homens contra as mulheres; sim, a grande maioria dos registros são nesse sentido, mas vale lembrarmos que as atitudes abusivas podem acontecer com qualquer pessoa, independente de gênero, idade e relação.
“Os relacionamentos abusivos são mais comuns do que imaginamos, pelo fato de muitas vezes o abuso vir disfarçado de cuidado, ele passa despercebido e a vítima desse abuso se sente cada vez mais em dívida e culpa perante o outro.”, afirma Milena.
Exemplo disso é você observar as seguintes situações: “os pais que interferem nos relacionamentos para defender os filhos, os parceiros que exigem saber a localização do outro por segurança, as pessoas que por amar demais não conseguem ver o outro sair com os amigos. O nome disso tudo não é amor, e sim controle. Controle que junto com a insegurança, medo, sentimento de inferioridade e de ameaça está presente na personalidade dos abusadores nos relacionamentos.”
Como saber se estou em um relacionamento abusivo?
Há sinais de um relacionamento abusivo que são comuns e que podem ajudar você a se reconhecer dentro do seu cenário. Não necessariamente todos os aspectos acontecem simultaneamente, às vezes pode ser apenas um ou outro, mas o importante é você conseguir se avaliar nessas questões.
- Você sofre humilhação e julgamento por conta das sua vida no passado, desde relacionamentos anteriores, tipo de profissão que exercia, até comportamento sexual;
- Ter a sua liberdade limitada por ameaças do tipo “se sair não volte mais” ou “não deixo você ir”;
- Você é impedido de manter outras relações com determinado amigo ou familiar para poder estar nessa relação; ou ao contrário, ter um familiar lhe proibindo de ter uma relação com alguém;
- Se sentir culpado constantemente, pois as situações negativas são sempre sua culpa;
- Você não pode contrariar as vontades da outra pessoa para evitar brigas ou irritações;
- A sua opinião nunca é pedida ou considerada em uma tomada de decisão;
- Quando o outro diz que você não capacidade, inteligência, beleza ou qualquer outro comentário negativo dito repetidas vezes e em tom sério;
- Ser exposto a traições, conflitos amorosos e situações constrangedoras fora do acordo do relacionamento;
- Ser constrangido em público;
- Ciúmes obsessivo
- As outras pessoas controlam a sua vida financeira, ou usam o dinheiro como forma de controle, punição, humilhação e/ou vínculo afetivo;
- Quando o outro tem que saber constantemente onde você está através de aplicativos de localização, mensagem e ligações e quando você tem que enviar fotos que comprovem que você está falando a verdade;
- Sexualmente ter que atender a todas as necessidades e desejos do parceiro, mesmo sem vontade e não poder recusar ter uma relação;
- Qualquer situação em que haja abuso de poder, racismo, preconceito ou machismo;
- Ser vítima de sentimento de posse por parte do outro;
- Você tem marcas de agressão, mesmo que não haja um ato violento como um soco, por exemplo, mas por te segurar com mais força;
- Te ameaça com frases como “ninguém mais vai te amar como eu te amo”;
- Situações de agressão física e punição ou ameaça através de violência;
- Constantemente ameaça que você não pode contar as outras pessoas o que acontece entre vocês.
Relacionamento abusivo em relacionamentos amorosos
Além dos tópicos que falamos aqui, separamos também um vídeo da Youtuber Louie Ponto sobre Relacionamento Abusivo nos relacionamentos amorosos.
Como sair de um relacionamento abusivo?
Se você conseguiu se identificar dentro de um relacionamento abusivo, acredite, esse já é um grande passo, mas o que fazer em seguida?
Veja algumas ações e atitudes para que você consiga sair dessa relação:
- Busque a mudança: agora que você já se identificou, o segundo passo é mudar e, para esse caso, é muito importante você se conectar com a sua inteligência emocional e o seu autoconhecimento;
- Converse com o “abusador”: por mais difícil que possa parecer, tem pessoas que abusam de outras e não se dão conta. Se em uma conversa permanecer a situação de que “nada acontece” ou há uma rejeição em mudar, você pode ter a certeza que não há mais o que fazer, a não ser ir embora;
- O problema não é você: deixe de lado a culpa que o abusador deixa em você por qualquer situação, isso se chama manipulação emocional;
- Procure ajuda e apoio em pessoas que você confia: não é fácil sair de um relacionamento abusivo sozinha, então, encontre nas pessoas que você ama um porto seguro e uma força para superar;
- Empodere-se: resgate as suas qualidades, a sua vitalidade e o que te traz felicidade. Lembre-se o quanto você é capaz e especial para outras pessoas;
- Converse com pessoas que passaram por situações semelhantes: o apoio de quem já viveu uma relação assim e superou a tristeza, pode ser combustível para você se inspirar e agir;
- Faça terapia: a psicoterapia pode ser um apoio fundamental para você reagir e passar por essa transição de vida com menos abalos emocionais.
Qual o momento de buscar ajuda profissional?
Segundo a especialista Milena Lhano, “Quando a pessoa chega no limite nesse tipo de relação, ela costuma apresentar sinais como problemas de saúde, dores de cabeça e no corpo, ansiedade, insônia, angústia, depressão, crise de pânico, formigamento, dificuldade em respirar, pressão emocional, compulsão alimentar, falta de autoestima e até pensamentos suicidas.”.
Ou seja, quando a sua relação interfere não só no seu bem-estar emocional, mas também nas suas atividades diárias, é mais do que uma interferência para você começar a cuidar de si.
Como a terapia pode ajudar?
“Na terapia é feito um trabalho de resgate da autoestima e fortalecimento emocional para mudar o tipo de dinâmica desses relacionamentos ou cortar definitivamente o vínculo com as pessoas abusivas. É trabalhada também a questão da culpa, pois muitas vezes as pessoas se sentem culpadas por terminar um relacionamento abusivo pela crença que poderia ter dado certo se ela tivesse se esforçado mais ou ainda culpa pelo mal-estar do outro.”, afirma Milena.
Como prevenir ou ajudar alguém que passa por essa situação?
Caso você conheça alguém que esteja vivendo esse tipo de relacionamento, procure conversar de forma positiva e mostrar apoio. As pessoas precisam se sentir apoiadas e encorajadas para começarem a ter novas atitudes frente a essa situação.
Especificamente para mulheres em relações abusivas há a Central de Atendimento à Mulher, que funciona sete dias por semana e 24 horas por dia, pelo número de telefone 180.
O mais importante é você se informar, entender o seu papel nas relações e saber que não está sozinho ou sozinha nessa luta contra o abuso, procure um psicólogo ou psiquiatra online ou presencial e supere esse desafio.